Diariamente acompanho crianças com muita dificuldade em identificar ou reconhecer as suas emoções, e também em falar sobre elas. Consigo perceber com clareza nas minhas intervenções como o facto de não sermos capazes de reconhecer o que sentimos, nos condiciona a viver melhor: se não reconhecermos as nossas emoções, não podemos fazer nada com elas, nem exercer algum autocontrolo sobre os nossos impulsos. É como se o nosso “Eu” e as emoções fossem a mesma coisa. Então quando sinto raiva, sou só raiva, quando sinto tristeza, sou só tristeza, quando sinto alegria, sou só alegria. E se “Eu” e a “emoção” somos o mesmo, então não podemos controlá-la. 

Há cerca de 3 anos, tive a oportunidade de desenvolver um atelier que tinha como principal objetivo promover o desenvolvimento das competências emocionais de crianças em idade pré-escolar. Nessa altura, e sabendo que as crianças aprendem melhor (porque ficam mais disponíveis para aprender ou para falar sobre elas próprias) utilizando mediadores de relação (brinquedos, histórias, música..), pensei em criar músicas que falassem sobre as emoções, como forma de as apresentar às crianças com quem trabalhei nesse atelier. E foi aí que nasceu o projeto que hoje apresento: criar músicas que falem sobre cada emoção, pensando nas crianças e até nos pré-adolescentes. A minha intenção é explicar aos mais novos como as emoções nos fazem sentir, utilizando para isso a música, por ser (quase) sempre um veículo direto para chegar às crianças.

Num ano em que a saúde mental ganhou alguma importância e que falar das nossas emoções vai sendo mais aceite pela sociedade, parece-me ser uma boa altura para lançar a minha primeira música.

A primeira emoção que escolhi foi a tristeza. Por razão nenhuma em especial foi esta a primeira, mas acredito ser um sentimento experienciado por muitos, neste contexto de pandemia que vivemos.

Espero poder tocar os mais novos com estas canções e, quem sabe, também alguns graúdos.